Consciência
(Este poema foi elaborado numa altura, já com uns aninhos, altura em que todos os recém-nascidos filhos de mães com VIH/Seropositivas, nasciam já contaminados! Uma grande parte das mães ou abandonavam as crianças ou deixavam ao cuidado dos avós, ou tentavam por alguns anos cuidar destes seus filhos, doentes crónicos e com uma visão de morte não muito longe! Reporta ao ano de 1992-1993 e, foi uma marca que perdurou enquanto estive no Hospital de Santa Maria Serviço de Infecto Piso 4 e 6).
Na altura com muito poucas luzes e estudos sobre a vida.
Consciência!
Quando se diz que o Amor é cego e vê
Por ignorância? Por malvadez?
Que se mate uma criança ...
Assassinos! Assassinos!
Quem por bem vem ao Mundo
Mal não fez para Viver. Mal não fez para Morrer!...
Porquê tanta crueldade na mente humana?
Porquê tanta malvadez, tem a mãe que engana?
Choram, depois à porta do Hospital
Gritam e rogam pragas, como se a razão fosse total!
Senhor perdoa-a-nos!
Se a mente humana sentisse e vivesse a dor infantil ...
Não havia Homens em número que chegassem a Mil! !
Uma grávida é uma futura mãe, seu filho virá a ser alguém,
Qual a justificação, ó mãe! Se ele morrer sem ninguém! !
Pensa. Pensa, não me abandones
Sou pequenino, carente, mas já sou Gente!
Não escolhi a minha mãe, não pedi para aqui ficar,
Mas já que vim, quero ficar, ser gente e ter um lar!
Ter saúde ou ter doença, é já status social.
És egoísta! Porquê? Pensa. Não maltrates quem não te quer mal!
Quando se decide ter um filho pensamos num futuro seja próximo ou longínquo. Os primeiros pensamentos são:
"que seja perfeitinho e, com muita saúde, seja menino ou menina, mas com saúde e vontade de vencer e lutar"
